sábado, 4 de setembro de 2010

Eu queria entrar, mas perdi a chave.

Por Adrieli Cancelier

Detesto clichês, mas parece que foi ontem.
Nós tínhamos um quarto cheio de coisas super divertidas, que talvez não parecessem tão divertidas assim, mas que nos fazia feliz, entre milhares de outras coisas...

Na verdade o quarto não era só nosso, mas como passávamos mais tempo nele, já tinha a nossa cara subjetiva, cheia de trocadilhos, melancólica e em preto e branco. E essas características que antes nos eram tão familiares e felizes hoje mais parecem a porta do abismo.

Nem sei direito o que aconteceu, mas é pra isso que eu sou fotógrafa, pra olhar aqueles segundos registrados e contar segredos que ninguém mais se lembra. E olhando aquela nossa foto sentadas sobre o skate na noite da prefeitura eu me arrisco a dizer que na verdade não aconteceu nada. A mesma felicidade clandestina ainda mora em mim, mesmo sem o teu abraço e sem teus olhos piscando devagar. Mesmo de longe, sem saber se você está assistindo TV naquele momento e pensando a mesma coisa, sem teus ciúmes e sem teus dramas, eu te sinto bem aqui comigo. Então entre poucas pessoas no mundo que me trazem plenitude, você é uma delas.

E quando eu penso em não sofrer que “o pra sempre, sempre acaba” eu volto naquela noite quente em Criciúma quando eu não temia a perda e lembro que somos amigas para sempre e que nada seria capaz de mudar isso.

E dizer que somos contra a internet seria um tiro em nós mesmas, jornalista e fotógrafa. Mas a verdade é que aquela janela pequena do msn de fato não é nem comparável à janela de um quarto cheio pela qual conversávamos há pouco mais de um ano.

Carol (dessa vez é a Grechi), se eu te visse hoje, na minha frente, eu desabaria numa pilha de lágrimas e sorrisos. Com certeza molharia teu ombro com a água de saudade dos meus olhos e nariz. Então domingo eu estarei aí, de volta pro meu aconchego, só por alguns dias e o número do meu celular está nos teus depoimentos.

Enquanto isso, dormirei na porta do quarto.
Eu queria entrar, mas perdi a chave.

domingo, 29 de agosto de 2010

Rinha de Coelhos

Por Andrius Luiz

Eu tinha inúmeras coisas importantes para realizar neste fim de semana, agora ele está no fim e não fiz maior parte delas. Tudo bem, fiz outras coisas muito importantes, como assistir vários vídeos engraçados no youtube e alguns programas do “Cala Boca Piangers” . Mas deixamos as coisas importantes de lado e vamos direto a perca de tempo, vamos direto a razão do post:
A característica mais marcante dos Curitibanos é ingenuidade. Isso não se deve ao clima, colonização ou localização, mas sim pela pouco contato que a cidade esteve comigo, estou aqui somente a seis meses, pouco tempo demais para que a população pudesse aprender que a história fantástica que conto nem sempre aconteceu além das fronteiras da minha imaginação. Mas essa história que conto agora é toda sincera.
Uma coisa que os curitibanos que tiveram contato comigo e com a Adrieli aprenderam e nunca mais esquecerão é que Criciúma é uma cidade utópica, quase que perfeita. Tudo de bom que a cidade tem eles sabem de cor, claro que nunca comentamos que Criciúma também tem seus pontos negativos, e que não são poucos. Mas tem um rapaz em especial que sabe que Criciúma não é somente uma cidade perfeita, mas também uma cidade lendária. Este rapaz é o Vagner, rapaz que trabalhou comigo durante quatro meses e carrega consigo a ingenuidade de trezentos curitibanos, mas graças a isso ele já sabe coisas que vocês só saberão agora.

1. Criciúma não tem mendigos nas ruas, pois a prefeitura remunera muito bem os moradores de rua.


2. Em Criciúma também existe dia dos namorados, mas somente os homens ganham presentes, pois é dia dos namorados e não namoradas.


3. O esporte popular da cidade é a rinha de coelhos, e todo ano tem um grande campeonato onde o campeão é o coelho “fofinho” (coelho da foto), meu coelho “esquipe” nunca foi campeão, mas sempre é um dos favoritos. A regra do esporte se resume em: Quem morrer ou perder uma das orelhas primeiro é o perdedor.


4. Dia 6 de Setembro é o dia da pedra moedeira, feriado municipal.


Única história que o Vagner não acreditou foi sobre os tornados corriqueiros que acontecem lá.
Sobre o dia da pedra moedeira contarei em um outro post pois não tenho tempo agora, tenho que procurar no Google o resumo do filme que eu deveria ter assistido hoje, mas graças ao Piangers não pude assistir.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Eu queria ser uma bomba

Por Adrieli Cancelier

No meu último post eu fiz um comentário besta sobre as bocas e os ouvidos. E talvez por estar na mesma frase em que eu falo sobre meus amigos pode ter gerado confusão.
Eu queria ser clara e dizer tudo o que aconteceu, mas esse não é um blog pessoal, e além disso eu sei que quem precisa vai entender.
Vou tentar me explicar e recuperar coisas importantes para mim.
Naquela sexta eu tinha ido no centro resolver umas coisas e ninguém estava afim de me escutar, todas as pessoas que me atenderam foram estúpidas e certamente tinham mais bocas que ouvidos. Ok, eu não devo generalizar, mas em primeiro lugar eu estava cheia daquele dia e eu precisava desabafar, mesmo que fosse com o meu notebook. Em segundo lugar este blog serve única e exclusivamente para eu e o Andrius contarmos como está sendo para nós essa nova vida, na maioria das vezes exageramos ou generalizamos porque sentimos falta da nossa terra. Isso não quer dizer que meus novos amigos tenham duas bocas e um ouvido, na verdade eu confesso que eles me fizeram mudar um pouco de opinião em relação aos Curitibanos, eles tem sido bons amigos pra mim. O que eu quis dizer com o meu último post é que eu gosto muito dos meus amigos daqui e que graças a eles eu vou conseguir me acostumar com pessoas que não são tão atenciosas e queridas quanto eles. Eu não vou negar que depois de tudo o que aconteceu minhas tristeza e saudade aumentaram, mas eu não desisto fácil. (EU TE ADORO AMIGA, ME PERDOA!)
Dia 4 eu vou pra Criciúma e tentarei me encontrar com a Jeh e com a Thami que estão esperando bebê, mas eu volto logo e eu espero que até lá as coisas tenham se resolvido.
Eu queria dizer mais uma coisinha. Eu cumpri mais uma meta, fui provar o lanche do Los Hermanos, é realmente muito gostoso. Comi um X Bacon e tenho que confessar que mesmo sem maionese caseira é melhor do que o do Jorginho. Mas que fique bem claro: o X de Criciúma é muito melhor!

I wish I was a neutron bomb, for once I could go off...

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Fraqueza

Ontem a minha aula foi no Museu Oscar Niemeyer, isso quer dizer que não encontrei o Andrius na hora do recreio como fazemos todos os dias.
Nos encontramos na entrada do MON e o professor estava atrasado, então resolvemos entrar sozinhos. O primeiro a aceitar o vinho foi o Breno (se a professora Cris descobre ela tira um ponto da gente, porque ela pediu pra cuidarmos bem dele), depois o Javã.
Orlando Azevedo pra lá, fotos pra cá, vinho pra lá e pra cá. Eu, a Mary, o Edu, o Bruno e a namorada dele saímos e fomos ao Shopping comer Bob`s e blá-blá-blá...
Saudades de Criciúma! Gosto tanto dos meus amigos de lá. Gosto tanto do X de lá.
Eu gosto muito dos meus amigos daqui também, mas acho que vai ser difícil eu me acostumar com pessoas de duas bocas e um ouvido só. Mas eu vou conseguir.
Portanto vou atribuir mais uma meta às antigas: comer o X do negocinho lá que a Mary e o Edu dizem ser o melhor da cidade. Como é mesmo o nome do negócinho? Los Angeles? Los Lancheles?

Então as minhas novas metas são:
1: Matar a saudade dos meus amigos.
2: Comer o lanche do Los Hermanos.
3: Chorar menos e engordar mais.

Desculpem a franqueza. Ou a fraqueza.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Eu sempre volto.

Por Adrieli Cancelier


Tomei vergonha na cara.
Depois do post do Andrius eu dei uma relida nos meus primeiros comentários sobre a vida póstuma de AdriCaramelo em Criciúma. É claro que das cinzas resurgiu uma vontade de escrever, mas só ela não seria capaz de me fazer estar com as pontas dos dedos congelando, a 00:26h, tendo que acordar cedão amanhã, escrevendo palavras soltas ao ar para que ninguém as lesse e eu não pudesse comentá-las com ninguém amanhã.
Então vou explicar a força íntfima que me surgiu assim de repente. Acabei de fechar o msn, que entrei apenas para falar com a Carol (a Patrício, não a Grechi) sobre photoshop e coisas relevantes ao nosso futuro. É claro que a essa hora (e tendo que acordar cedão) eu não iria mais responder a ninguém, mesmo que aquela janelinha alaranjada ficasse fazendo doer meu olhos por alguém querer um pouco da minha atenção. 
Porém (tudo tem um porém)... Meu amigo estudante de astrologia (com certeza é) sabe que eu sou de Leão. E a primeira frase dele foi: "Que lindas as tuas fotos adri!". E sem eu perceber eu já estava envolvida na conversa sobre blogs e afins. Essa foi a segunda força maior de hoje que me fez estar aqui agora.
A primeira força maior faz parte da minha nova vida.
Eu estava na faculdade (é, eu to fazendo) de Fotografia (aham! fotografia mesmo!) sentada na cantina pesquisando sobre Bob Gruen com as minhas novas amigas (isso! eu tenho novas amigas), quando meu celular tocou.
Eu não ouvi nada, a ligação caiu. Mas o DDD era 48 e isso me fez imaginar que era a Cindy e a saudade bateu bem forte .Eu entrei no meu blog de fotografia pra me sentir mais perto dela e enfim... Estou aqui.

Desde a minha partida muitas coisas mudaram. Meus cabelos cresceram mais, eu emagreci mais, eu fotografei mais, eu chorei mais, eu gripei mais. Mas os meus dilemas (que se transformaram em metas) foram quase que 100% resolvidos.
Relembrando:
Plano número 1: Matar a saudade dos meus amigos. (falta muito ainda)
Plano número 2: Continuar a faculdade. De preferência na UFPR. (ok, não estou continuando, estou começando outra e nem é na Federal)
Plano número 3: Arrumar meu celular. (não arrumei, mas comprei outro... piorzinho)
Plano número 4: Passar num concurso público. (passei em alguns, já assumi um e fui chamada em outro)
Plano número 5: Fazer novos amigos em Curitiba. (a parte que eu queria chegar)

Curitiba é praticamente a mesma coisa de quando eu cheguei, o mesmo cheiro de xixi, cachorro e maconha. Ainda morro de saudades do X do Bico de Pão... Até mesmo do Jorginho. As pessoas continuam sendo mal educadas demais ou legais demais.
Mas ser legal demais até que não é tão ruim, conheci uma menina legal demais que tem os cabelos curtos como se estivesse nos anos 70 e os olhos azuis de piscina que eu quase sempre mergulho neles. A retina deve ser muito transparente porque neles refletem toda a luz do mundo. E ela tem um AllStar de estrelinha igual o meu. Ela fala que nem o homem da cobra, fala de tudo e de todos o tempo todo, se estressa fácil e  apesar disso tá sempre com aquele "sorriso labial". É a Mary Ellen (que se lê Mery). Sinto a falta dela quando ela se cala.
Outra pessoa legal demais que conheci foi a Dienifer, que eu chamo de Dieni e que me chama de Dika. A Dieni tem os cabelos vermelhos encaracolados, tem 18 anos e é de Cancer. Ela chega atrasada nas aulas e gosta de Coca Cola. Ela é um tanto desligada, mas quando eu preciso de alguém é ela quem me ouve.
Existem outras pessoas legais demais no meu novo mundo. A Ana, a Carol, a Andressa, o Breno (mesmo sendo de escorpião), o Bruno e o Javã. São meus novos amigos.
E se eles se sentem alienígenas quando leêm meu blog não os culpo, eu me sinto alienígena nessa cidade estranha. 


Na foto: Dinho, eu, Javã, Dieni, Mary, Edu e Breno

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Retorno

Por Andrius Luiz


Depois de seis meses afastado, retorno ao blog com grande dificuldade. Mal comecei e as dificuldades começaram, não sei sobre o que vou escrever. Eu queria marcar o meu retorno com um texto muito bem escrito contando algo extraordinário que me aconteceu. Durante esse tempo aconteceram diversas coisas interessantes, mas eu achava que não eram dignas de ser relatado no texto de retorno. Quanto mais o tempo passava, mais o novo tema ganhava responsabilidade.


Enquanto o novo tema ganhava mais responsabilidade acontecia outro fenômeno, minha habilidade escrita decaía, minha ironia perdia o charme e as palavras me faltavam como um.... (me faltou a palavra agora).


Uma atitude teve que ser tomada, não há mais tempo para adiar, é hoje, sem nada de espetacular para relatar, é hoje que tentarei relembrar a senha do blog e colarei esse texto frio. Ficará ele ali, marcando um retorno sem grandes alardes, não sei se alguém além de mim irá ler. Depois que eu reler o texto e achar vários erros de português e não me dar o trabalho de arrumar, será que terei a honra de ter um leitor para descobrir os erros?


Para que não digam que meu texto não houve nenhum conteúdo relevante... Hoje faltei à aula para ficar tocando Los Hermanos e Belchior e para chorar de saudades das pessoas de Criciúma e também do Criciúma. Fazia muito tempo que não tocava, quanto a chorar, é uma rotina para mim, ontem mesmo pratiquei assistindo o filme do E.T. Tocar, chorar e escrever, valeu a pena ter faltado a aula de lógica, me sinto mais vivo! Dormirei mais leve, mas antes disso... Qual é a senha do blog mesmo?

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Yosakoi Soran Street Fest 2

Neste fim de semana os japinhas de Curitiba se reuniram na rua Cândido de Abreu e na praça Nossa Senhora da Salete para realizar o segundo Yosakoi Soran Street Fest.

Meias coloridas, saias xadrez, toquinhas de orelhas, fantasias, espadas, Pokémon`s, e muuuita maquiagem também marcaram presença nos milhares de jovens que passaram por lá. Por toda extensão da praça podia-se ver metaleiros, emo`s, cult`s e outras tribos sentados com seus violões ou andando com suas plaquinhas de "free hugs", "free kiss" ou ate mesmo de "vendemos idéias para suas plaquinhas".
Mas apesar do clima Tokyo-moderno, muitas famílias e crianças apareceram para conferir as belas apresentações e a boa comida japonesas. Ha! E para comprar toquinhas de orelhas ou para aprender a ler 200 páginas em 20 minutos e absorver todo o conteúdo.
Juntamente com a festividade foi realizado também o Hana Matsuri (Festival das flores), o tradicional Natal budista.

As apresentações aconteceram no domingo, dia 11. Destaque para o grupo Sansey, de Londrina, que fez um belíssimo espetáculo.

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Pára Eduardo!

Por Adrieli Cancelier

Eu não lembro o que a gente estava comendo, não era lanche, nem refil do Burguer King.
Estávamos conversando sobre os nossos planos malignos de evolução milionária, envolvendo galinhas de três cabeças ou vacas amarelas, quando de repente eu vi uma senhora loira de uns 60 anos eufórica correndo pela praça de alimentação do shopping. Ela gritava:
    -Pára Eduardo! Pára Eduardo! Pára Eduardo!
Logo percebemos que ela corria atrás de um senhor igualmente branco e aparentemente mais novo. Ele corria trotando com os braços semi-levantados e devagar, mas ainda assim a senhora não conseguia alcançá-lo.
Atrás deles um segurança de terno preto e um walktalk na mão esquerda corria com um pouco mais de velocidade.
O Andrius me olhou assustado e perguntou o que estava acontecendo. E eu com o coração cheio de pena respondi:
    -Coitado. O homem é doente.
O Andrius então já se preparava para levantar e segurar o pobre homem doente que estava fugindo daquela senhora. Num ato de heroísmo ele gritaria:
    -Peguei!
E todos ficariam felizes e satisfeitos.
Mas antes que os movimentos do Andrius pudessem significar que ele estava levantando da cadeira, o segurança que já havia ultrapassado os dois senhores segurou um menino pequeno que surgiu entre as mesas da praça de alimentação e o devolveu a vó eufórica.
Percebemos então que o Eduardo era na verdade o menino pequeno, e o senhor branco (que não era doente) e a senhora eufórica estavam tentando pegar o garotinho fugitivo.
Com um sorriso o menino subiu no colo da vó e eu acho que pude escutar o que ele estava pensando:
    -Eu quase consegui!

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Ráu Shengi iong

Por Andrius Luiz

Foi numa manhã que acordei na casa da Adrieli que a história aconteceu. Levantei cedo do colchão no chão da sala, lavei o rosto, peguei minhas coisas, despedi-me do meu amorzinho que me respondeu com alguns resmungos incompreensivos, disse que também a amava (acho que o resmungo significava um “Eu te amo”) e fui embora.

Eu tinha uma entrevista de emprego pela manhã e dessa vez não queria ficar a manhã inteira de barriga vazia, fui a uma lanchonete cheia de rostos orientais e fui atendido pela única pessoa com um rosto ocidental que perguntou o que eu queria, depois de ler o quadro na parede onde dizia: “x-salada: 2,30” não tive dúvida de que era isso, um x-salada curitibano com pão pequeno e bordas secas, hambúrguer pronto tão pequeno no diâmetro quanto na espessura, uma folha de alface, algumas rodelas de tomate e se eu tivesse sorte viria com uma fatia fina de queijo.

Fiquei frustrado após meu pedido ser recusado, eles não queriam ligar a chapa porque era muito cedo, ainda era um pouco antes das 9h. Tive que me contentar com o “salgado mais refresco: 1,30”.

Saboreando minha coxinha e um copinho plástico com suco de pacotinho vejo um sujeito entrando sozinho, sentando e pedindo um “litrão”. Fiquei curioso, o que será que viria? Um litro de leite? Um litro de café? Mas o que chega foi um litro de Skol acompanhado com um pedido de desculpas:
- Desculpe, mas eu não tinha nenhuma garrafa gelada, elas chegaram quase agora e ainda não deu tempo de gelar.
-Não tem problema, traz um copo com gelo.

Nesse momento já deveria ser 9h da manhã, muito cedo para ligar a chapa, mas não tão cedo para tomar um litro de cerveja com gelo. Com gelo! Isso mesmo, com gelo! Não existe nenhuma hora, em nenhum lugar, sob nenhuma circunstância que se pode tomar cerveja com gelo, mas ele tomou.

- Meu dentista era as 9h, mas fui lá e ele me passou para as 10h, vou ficar sem fazer nada até lá.
Não sei para quem ele disse essa frase, se foi para alguém na lanchonete ou se foi para um espírito maligno que o atormenta e lhe obriga a tomar cerveja com gelo.

Mas foi ao pagar a conta que me aconteceu o fato mais estranho, parei em frente ao caixa e uma mulher me disse:
- Ráu Shengi iong tong ping e pong ing Ang shoin ning foing iong ion

As pessoas ainda dizem que eu tenho problema de dicção, é porque elas não conhecem essa mulher.
- O que?!
- Ráu Shengi iong tong ping e pong ing Ang shoin ning foing iong ion

Será que o espírito maligno da cerveja com gelo que atormentava o pobre homem invadiu o corpo dessa mulher e me lança pragas na língua secreta dos espíritos malignos?
- O que?!
- Ráu Shengi iong tong ping e pong ing Ang shoin ning foing iong ion

Claro! Essa mulher deve ser uma japonesa de verdade que não sabe falar português, dizem que aqui em Curitiba são tantos.
- O que?!
- Ráu Shengi iong tong ping e pong ing Ang shoin ning foing iong íon

Se ela fosse uma japonesa mesmo porque ela teria saído do Japão e vindo para o Brasil? Ora! Lá deve ter celular com GPS, câmera de 15 MP, rádio AM/FM, TV com mais de cem canais em alta definição e muito mais por menos de US$ 10. Então porque ela trocaria isso pelo Brasil?
- O que?
- Ráu Shengi iong tong ping e pong ing Ang shoin ning foing iong ion

A não ser que ela estivesse cansada de tanto assistir desenhos japoneses, eu que moro no Brasil e passa desenhos japonês só de vez em quando já estou cansado.
- O que?!
- Ráu Shengi iong tong ping e pong ing Ang shoin ning foing iong íon

Mas em algum canal em alta definição do seu celular deveria passar Pokémon, eu não me cansaria de assistir Pokémon.
- O que?!
- Ráu Shengi iong tong ping e pong ing Ang shoin ning foing iong íon

A não ser que ela não seja japonesa, mas sim uma chinesa fugindo do governo comunista e ditador porque ela lutava pela independência do Tibet.
- O que?!
- Ráu Shengi iong tong ping e pong ing Ang shoin ning foing iong ion

Deve ser chinesa, mas saber disso não ajuda em nada na comunicação para que eu possa pagar a conta.
- O que?
- Ráu Shengi iong tong ping e pong ing Ang shoin ning foing iong ion

Já sei! vou fazer mímica, mas não vai pegar bem eu fazer mímica das palavras: coxinha de galinha e refresco.
- Deu R$ 1,30! – Disse para a chinesa a mulher ocidental no fundo da lanchonete.
Depois de longos minutos de diálogos produtivo com a atendente chinesa pude ir embora, dei uma olhada para a outra mesa e ainda estava o homem agarrado com seu litrão, nessa altura de tempo os gelos já estavam derretidos enxaguando a cerveja.
Com os pés na rua olhei bem para minha nova amiga, a chinesa, vi no seu olhar todo o sofrimento causado pelo governo chinês e gritei:
- Free Tibet!

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Onde vivem os monstros

Por Adrieli Cancelier

É uma cidade tão grande e maluca que quando a gente de repente pára (sem a nova reforma ortográfica) tudo parece meio melancólico. Às vezes dá vontade de pegar um barco a velas e ir navegando até o mundo tranquilo e desorganizado dos monstros e descobrir que na verdade eles são bem legais.
Mas aqui até mesmo as nossas lágrimas soam engraçado.
Andamos quilômetros esses dias até o parque São Lourenço, justo num dia muito quente em qual provavelmente os mosquitos estavam com muita sede e tomaram um litro do meu sangue (o quilo que eu havia engordado com muito esforço).

Durante o caminho ficamos procurando o tesouro escondido no Bosque do Papa João Paulo II, descobrimos que ele está em algum lugar alto onde se encontra uma luz eterna e que O onipotente está neste lugar. Descobrimos também que o tesouro escondido é muito muito grande. Tenho esperanças de encontrá-lo algum dia.
No passeio eu vi também uma coisa que eu podia jurar que Criciúma tinha muito mais: borboletas. Mas não foram duas borboletas, nem três. Foram umas 30 borboletas grandes e alaranjadas, todas juntas num canteiro de flores ao sol. Lindo. Parece até a gruta de Criciúma.

 E por falar em Criciúma, eu quase ia esquecendo. Amanhã no Ventuno Pub vai rolar showzinho, divirtam-se por mim. E em Curitiba amanhã tem CarnaRock e eu vou de CEC, afinal meu timão vem me dando um pouco mais de alegria ultimamente.

E depois de deitarmos sobre a grama do São Lourenço, tomarmos sorvete, ver as crianças brincando, os patos, os peixes e as capivaras nadando no lago voltamos pra casa sob aquele sol escaldante e chato que até me dava saudades do Rincão. E apesar de tudo até quem nos via lendo jornal na fila do x burguer sabia que estávamos felizes.




Mas quando o sol foi embora a gente sentiu por algum tempo como se todos os nossos dentes de leite tivessem caído (hiato) e agora precisávamos tomar cuidado com os permanentes. Quase nos esquecemos das lojas de brinquedo e do Drake e do Jhosh. Então resolvemos ir ao cinema do Muller, assistir a um filme de criança e rir até doer a barriga. E acho que só as crianças conseguem rir até doer a barriga com esse filme. "Onde vivem os monstros".

Chegamos em casa tarde e felizes, cheguei a uma conclusão: relógio que atrasa, não adianta.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Notícias meramente pessoais

Por Adrieli Cancelier

Tenho escutado com ainda mais frequência a preocupação dos familiares, amigos e afins, principalmente depois do post sobre o quarto do Harry Potter. Saibam que estamos bem, o x salada aqui é R$2, portanto não passamos fome e se o quarto estiver pegando fogo a gente pode dormir nas esculturas do Oscar Niemeyer. Acho até que meus cabelos estão compridos como nunca e minhas pernas estão grossas como nunca, mas isso porque não tenho dinheiro pra cortar o cabelo e os mosquitos atacaram as minhas pernas durante um passeio ao parque São Lourenço.
Não. Brincadeira. Está tudo bem mesmo, estamos com boas oportunidades de crescer e apesar do medo estamos muito felizes aqui. E além do mais estamos comendo muito bem os super banquetes que eu faço no almoço. Hoje tem arroz, feijão, carne de panela e alguma receita da Ana Maria.

Obrigada pela preocupação, pela saudade e pela vontade que me deixaram de ir ver o Pouca Vogal.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

À moda Harry Potter

Por Andrius Luiz

Enfim retorno as postagens, com centenas de histórias para contar, mas não irei contar todas, pois o meu quarto merece atenção especial nesta postagem.


No segundo dia de Curitiba fui visitar a pensão que eu iria morar, só restava um quarto individual e ele era mais barato que qualquer quarto coletivo, é de se estranhar né? Não! Não depois que você vê como é o quarto.

Após subir cinquenta e noves degraus totalizando seis lances de escada, duas delas em perfeito estado, mais duas com as pontas dos degraus quebradas e por último mais dois lances de escada com degraus estreitos de madeiras rangendo chega-se a um corredor com o teto muito baixo e uma portinha de madeira sem fechadura, mas com uma tranca e cadeado. Passando pela porta, eis o quarto.

A primeira impressão que se tem é que você está entrando no quarto do Harry Potter na casa dos seus tios, pelo menos na versão dos livros, quanto ao filme não sei, ainda não assisti nenhum. Não é em baixo da escada como na história, é em cima, mas bem que se eu quisesse colocar ele em baixo de algum desses lances de escada caberia certinho de tão pequeno que é. Quem sabe assim não seria tão quente.

Na primeira vez que passei pela porta achei que eu estava passando em algum portal que me levava para Criciúma, era quente, abafado, sem circulação de ar exatamente como é Criciúma. Só faltava o cheiro de pirita impregnado no ar, mas como todo criciumense nascido e vivido na cidade não senti nada de estranho. Mas não, não tinha me tele-transportado para Criciúma, não existe nenhum lugar em Criciúma que possa faltar tanto espaço.

Outra prova de que eu não estava em Criciúma, é que a televisão pega uns trinta canais abertos, Criciúma é quanto? Seis? Uma televisão no quarto, muito chic! No presídio só os presos com bom comportamento ou que subornam os guardas que tem esse direito, e na pensão eu tive! Trocaria essa televisão por qualquer ventilador, por menor que fosse, até mesmo um que não funcionasse, mas que eu pudesse olha-lo e ter a lembrança do que seria uma brisa, já seria de grande ajuda.

A vida continua, pelo menos não sentirei saudades de Criciúma, e quando eu quiser lembrar que estou morando em Curitiba é só descer os cinquenta e nove degraus e dar de cara com uma belíssima rua no centro da cidade.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Resurgimento Súbito. Bem grande.

Por Adrieli Cancelier

Ah, enfim Curitiba. Enfim meu notebook. Enfim o blog. Fui pra Criciúma no dia 26 e voltei dia primeiro, por isso essa distância súbita.
Ficamos todos esses dias dizendo que tínhamos que postar logo e enumerando as milhares de coisas legais ou nem tanto  que nos aconteceram, mas eram tantas coisas que eu esqueci todas.
Depois do último post eu senti vontade de me redimir, não quero que pensem que eu estou cuspindo no prato que comi. Criciúma é uma cidade ótima. Enquanto estive por lá eu senti vontade de fazer muitas coisas, mas o tempo era curto... Não consegui visitar a tia Ilze e nem rever os velhos amigos, mas foi bem legal ter feito novos. Foi legal comer pizza de coração torrado e ver a cara de todos na pizzaria quando eu menti que estava grávida.
Se eu tivesse feito uma lista de coisas a fazer antes de morrer, durante a semana que passou eu já teria riscado dois ítens. O primeiro seria "testemunhar algo realmente grandioso", o show do Metallica foi incrível, tocaram os maiores sucessos, aconselho todo mundo a fazer algo parecido.


O segundo ítem - e não menos importante - seria "chorar de rir", o motivo não importa, chorar de rir é uma coisa que eu já fiz muito, mas é sempre ótimo. Resumindo, os dias que passei em Criciúma foram maravilhosos. Foi bom até mesmo ver a enchente, tirando a parte que eu esqueci a câmera e a que muitas pessoas tiveram prejuízo. Disseram que as geladeiras das Casas Bahia ficaram boiando. Três dias de enchente e mais três dias daquele calor infernal que só Criciúma tem, onde o ventilador parece mais um secador de cabelo. E isso que naqueles dias estava uns 32 graus, hoje fez 42. Aqui em Curitiba agora à noite eu passei pelo termômetro que marcava 28 graus, mas parecia bem menos.
Foi bom também comer risoles embaixo do terminal, aqueles salgados são ótimos, vocês deveriam experimentar!
Foi bom ver a lua nos seguindo quase todos as noites, cheia e linda.
Foi ruim ver os pais do Andrius chorando na rodoviária, mas foi ótimo tê-lo ao meu lado durante a viagem e até uma hora atrás.

Por enquanto está dando tudo certo. Já deixamos alguns currículos, já encontramos um quarto parecido com o do Harry Potter (mas isso é história pro Andrius) e no final do dia fomos conferir a liquidação do Shopping Curitiba. Nas lojas de brinquedos, é claro. E como sempre, o Andrius não soube se comportar, sentou-se nas cadeirinhas pras crianças e passou horas apertando em todos os dinossauros possíveis, vendo eles fazerem sons estranhos e acenderem as luzes, alguns até andavam, igual ao dragão da novela. Ok, eram o máximo, vou comprar milhares desses pro Daniel, meu futuro filho (mas a parte da gravidez é brincadeira, ta?!).
Vou comprar também uns Pequenos Pôneis pro Adriel, são tão lindos, com cabelos multi-coloridos e que dizem "mamãe, eu te amo".
A nossa última parada hoje foi no Bar do Alemão, comemos fritas com cebolinha e queijo e bebemos cerveja. Não tinham tantos gordinhos gays quanto no Wonka, mas a comida era boa. Acho que quem gostou mesmo foram as dondocas que estavam comendo caranguejo de luva (elas estavam de luva, não os caranguejos).
Por fim, escutamos pela Rádio Eldorado o Tigre empatar com a Chapecoense em casa.

E pra não dizerem que faço merchandising, o Shopping Muller também está em liquidação até o dia 7.

Agora eu preciso mesmo ir dormir. Amanhã cedo vamos à Agência do Trabalhador, deixar mais alguns currículos e nos matricularmos no cursinho. Vai ser bom estudarmos juntos, teremos mais um monte de histórias pra contar.

domingo, 24 de janeiro de 2010

Mais Criciúma - Realmente Mais

Por Andrius Luiz

No meu último post eu disse que não conseguiria escrever sobre Criciúma até começar a sentir saudades, levaria algum tempo, pois minha mente já estava em Curitiba. Então só tenho a agradecer nossa amiga AdriCaramelo pelo seu último post onde fez com que reacendesse toda minha vontade de falar sobre minha cidade.

Quando alguém decide comprar uma casa, sai para olhar os imóveis comete um grande erro se não lança os olhos por cima dos muros para conhecer quem são os seus vizinhos. Criciúma não é o que é, não importando se você acha boa ou ruim, se não fosse cidades como Içara, Urussanga, Siderópolis, Forquilhinha. Até mesmo porque é muito mais rápido e prático sair do centro de Criciúma até o centro de qualquer outra dessas cidade do que moradores de cidade grande irem de um bairro ao outro.

Realmente Rincão não pertence à Criciúma, mas é a praia dos Criciumenses. E bato na mesma tecla novamente: A viagem de Criciúma até Rincão demora meia hora de carro, ou até menos e totalmente isento de pedágios. Quanto tempo um morador do Estreito leva para chegar a uma praia de Florianópolis? E quanto gasta em pedágios para um Curitibano para chegar ao litoral?

Criciúma não tem praia, mas logo ali tem. Criciúma não tem neve, mas logo ali tem. Sem esquecer o privilégio de poder ver um tornado sem precisar sair da varanda de casa.

Criciúma tem muito mais lugares para se divertir além de casa do rock. Ok, não é muito mais, mas sempre tem. Muito menos do que Curitiba que é uma cidade grande, uma capital. Mas é muito mais do que... sei lá, Araranguá.
Criciúma já teve Mc Donald’s, mas quem precisa de Mc Donald’s quando se tem os Xis do Barão, do Galego, do Jorginho, do Paulinho e do Marquinhos? Bob’s mesmo só para tomar um sorvetinho, mas ainda prefiro comprar um sorvete daquelas lanchonetes pequeninas na Nereu Ramos, sair, sentar na praça e ouvir os ceguinhos cantores ou os índios se apresentarem.

Só não queiram assistir o sujeito que promete que vai pular no meio do arco cheio de facas, porque muito antes disso ele vai tentar te vender três pomadas por dez reais que cura: peste bubônica, câncer, pneumonia, raiva, rubéola, tuberculose, anemia, rancor, cisticircose, caxumba, difteria, encefalite, faringite, gripe, leucemia, úlcera, trombose, coqueluche, hipocondria, sífilis, ciúmes, asma, cleptomania, reumatismo, raquitismo, cistites, disritimia, brucelose, febre tifóide, arteriosclerose, miopia, catapora, culpa, cárie, câimbra, lepra, afasia. E o pulso ainda pulsa. O impressionante é que essa pomada é feita de peixe boi da Amazônia. Uma vez pensei em denunciar à sociedade protetora dos animais, mas preferi comprar esperando que a pomada curasse também ejaculação precoce.

Criciúma tem muito mais do que isso, nunca esqueçamos o monumento das Etnias, mais conhecido com os cinco dedos. Todos já subiram no primeiro, alguns no segundo, mas têm alguns como eu que tem o privilégio de ouvir histórias de um vizinho do primo de amigo que conseguiu escalar o terceiro. O cinco dedos é muito mais do que um monumento em homenagem às etnias, é também uma obra que desafia os limites dos homens, tanto na capacidade física, quanto na capacidade de criar mentiras.

Criciúma não é o paraíso, mas está muito longe de ser o inferno. Criciumenses, não cuspam no prato que comeram, se não gostam e querem um maior, simplesmente vão atrás.

Mais Criciúma

Por AdriCaramelo

É nesse clima de sexo, amor e traição que eu quero escrever (Sexo??).
Muitos criciumenses que leram os posts anteriores vieram me cobrar “Ah! Tu se esqueceste de dizer que em Criciúma blá, blá, blá...”

Preciso acrescentar sobre a nossa praia. Rincão Beach é a praia dos sonhos, o mar é feito de chocolate, você pode comprar 5 picolés a um real e ninguém vai pra praia de Havaianas (eu disse no outro post: somente em praias mais distantes). Em feriado nem o Fashion Week é páreo para o calçadão do Rincão. Todo mundo fala mal, mas é fazer um calorzinho em Criciúma que todo mundo joga as tralhas no carro e corre pra lá pra se entupir de picolé. E se alguém de fora pergunta se Criciúma tem praia a gente diz “Claro que tem! O Rincão.”, mas entre os habitantes o Rincão é a praia da cidade de Içara. Em alta temporada o aluguel é mais caro que no Jurerê Internacional. Em baixa temporada ninguém consegue entrar na praia de tanto buraco e areia na estrada.

Nos sábados até o meio dia todos tem encontro marcado no calçadão. Mesmo que não seja dia de pagamento todos estarão lá, a maioria só pra olhar o movimento, se benzer em frente à igreja matriz e comprar um churros. Depois de fechar o comércio a massa se dirige para a Havan. Dizem que agora tem um boliche lá, deve ser bem mais divertido. E na minha época domingo era dia de Chocolate. Chocolate Sensual, a banda de pagode.

Mas isso tudo é durante os dias letivos, porque no verão quando a temperatura não baixa dos 30 graus vai todo mundo pegar umas ondas. Ou umas minas. Nos fins de semana você tem mais três opções. Nas sextas-feiras você pode ir à Casa do Rock, que não fica em Criciúma e que as mulheres não pagam. Você pode pagar uma Topic, entupir de gente e pagar quatro reais. Ida e volta. Realmente essa é uma cidade muito badalada, existem mil coisas pra fazer durante a semana. Todas no shopping. Você pode ir até a praça de alimentação comer o melhor pastel ou o melhor crepe (mas não pense que vai encontrar Mc Donald’s, Bob’s, Burguer King, SubWay ou qualquer outro fast food que existe em qualquer outro lugar do mundo). Ou você pode ir até o cinema por apenas quatro reais nas quartas-feiras, só que o filme que você vai ver já está na locadora.
Rincão é a cara do glamour.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Estou traindo?

Por Andrius Luiz

Estou em um misto de dois sentimentos sobre minha volta à Curitiba, o primeiro é a ansiedade, o segundo é um sentimento de traição, como se eu estivesse traindo Criciúma por preferir nesse momento outra cidade.

Morei em Curitiba há quase quatro anos, durou pouco, por volta de três meses. Estes três meses em Curitiba foram os três meses mais intensos do qual vivi, com a única exceção desses últimos três meses no qual a Adrieli entrou com todas as forças na minha vida. Hoje conto no calendário os dias que faltam para que eu volte a morar na cidade que me proporcionou tanta intensidade de sentimentos, faltam nove dias. Desta vez toda intensidade de uma cidade maior e com mais possibilidades será somada à intensidade desse amor que vivo.

Nove dias, somente nove. É extremamente normal que eu esteja ansioso dessa forma, não é? É perfeitamente compreensivo que na minha mente caiba muito mais pensamentos a respeito de Curitiba do que a de Criciúma, ou não? Mas a culpa insiste em permanecer. Ora! Meus últimos dias aqui e minha mente já está lá, mesmo sabendo que serão tantos dias que viverei lá. Deveria pensar, sentir e escrever somente sobre Criciúma até o dia da minha partida, mas não consigo.

Criciúma, peço desculpas sinceras, falarei sobre ti logo, quando começar a sentir saudades, sentimento inevitável. Será logo, acredito que com mais intensidade no inverno rigoroso de Curitiba. Só irei partir, Criciúma, porque uma de tuas filhas me chamou.

As pedras da Nereu Ramos hoje me fazem lembrar da XV, mas sei que logo será o contrário.

O segundo pesadelo

Por AdriCaramelo

Se a vizinha se jogou do sétimo andar eu perdi a foto da minha vida, porque peguei no sono e só acordei hoje às 8h chorando. Realmente a minha noite não foi das melhores, depois de ter sonhado que eu estava tetraplégica eu sonhei que meu tio tinha morrido. O tio Mauro. Dizem que quando a gente sonha com a morte de alguém é porque estamos doando um ano da nossa vida pra pessoa. Viu tio, como a sobrinha anoréxica amar tio Mauro?

Eu sinto saudades de quando ele ia lá em casa, abria o meu armário e trocava tudo de lugar. “As medalhas devem ficar nessa gaveta, pra você lembrar que já foi ótima no Karatê.”

Uma vez ele fingiu que tava comendo areia e eu acreditei e comi também. Outra vez ele disse que gostava mais da minha irmã e eu chorei. E na última vez que me encontrei com ele eu tava com a minha amiguinha de seis anos, ela tinha uma boneca inseparável, daquelas que dizem “mamãe, eu te amo” e ele disse que a boneca queria ir pra São Paulo com ele. Ela chorou, obvio.

Faz mais de um ano que a gente não se vê, dizem que ele está um pouco mais gordinho, o que é difícil de acreditar.

Então meu próximo plano é ir até São Paulo visitar meu titio chato e sensível demais que eu tanto amo.

O caso da vizinha semi-nua

Por AdriCaramelo

Cá estou às 4h da madrugada dormindo, naturalmente, no meu colchão inflável e sonhando que estava tetraplégica, quando de repente um barulho de copo quebrando me acorda. Levantei instantaneamente para xingar o indivíduo que sentiu sede no meio do meu pesadelo e percebi que sentia meus braços e minhas pernas. Deitei novamente, juntei minhas mãozinhas e agradeci a Deus por aquilo não passar de um pesadelo idiota ocasionado pela falta que a novela das 20h tem feito (desde que começou o BBB a minha televisão só tem conhecido um canal: o Pay Per View). Agradeci também por estar todo mundo dormindo tranquilamente na minha casa. Até mesmo os cachorros estavam nos sonhos mais profundos. Pensei logo que o barulho de copo quebrando vinha da rua e resolvi voltar a dormi. “Mas e se for um fantasma na cozinha?!” É claro que eu não iria levantar pra conferir.

Mas quando eu estava quase pegando no sono outra vez eu escutei alguém varrendo os cacos, e dessa vez eu percebi que o barulho realmente vinha da rua. Meu sono já não era tão grande assim, e nem o medo. Levantei, fui até a sacada e percebi que era o vizinho do prédio da frente que sempre tem cervejas na mesinha de centro e que fica a noite toda na sacada enrolado na toalha de banho (achando que cobre alguma coisa) com o notebook apoiado no vaso de flores e conversando com milhares de pessoas no MSN. E eu sei que é no MSN porque aquele “pirili” de quando alguém fala com ele já me acordou outras vezes.

Mas hoje ele não estava na sacada, nem estava de toalha. Nem mesmo estava tendo uma conversa virtual. Ele conversava com alguém como se desse conselhos, mas não como um homem dá conselho à uoutro homem.

Eu estava certa. Logo uma garota levantou do sofá e falou algumas palavras em tom de briga, as garrafas ainda estavam na mesinha de centro, provavelmente vazias. Eles se dirigiram para a cozinha e foi então que eu percebi. A menina estava quase nua. Estava não, está. Vejo de costas e ela veste apenas um cabelo longo para tapar as costas e uma calcinha, que não tapa nada. Eu poderia provar, mas na minha câmera só cabe mais uma foto e pelo desespero da garota ela vai se jogar do sétimo andar. De calcinha. E eu não perderia essa foto por nada.

PS: Essa foto é de uma das noites do "pirili".

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Depois das formalidades

Por AdriCaramelo

Minhas aventuras por essas terras estão com mais cara de aventura agora. Seria formidável passar o dia todo em frente ao notebook olhando as fotos antigas da cidade antiga com os amigos antigos. Escrever textos melancólicos sobre o passado recente que ainda me causa dores de cabeça e sorrisos bobos. Seria uma forma de passar o tempo bastante aceitável, não fosse ter que dormir no sofá todas as noites, não ter dinheiro para ir ao cinema 3D outra vez e fatalmente: não poder ver meu namorado outra vez.
Andamos conversando sobre Deus, sobre o Segredo, sobre as pipocas mágicas e as fadinhas do Peter Pan, mas em especial acho que a nossa vontade de mudar é que tem sido bastante eficaz.

Tecnicamente eu já aprendi muitas coisas por aqui. O trânsito é um caos. As pessoas ou são mal-educadas demais ou são legais demais. Às vezes a cidade tem cheiro de xixi, às vezes de cachorro e às vezes de maconha. Chove muito. Venta muito. Faz muito frio. Faz muito calor. Isso acontece todos os dias, normalmente ao mesmo tempo.

Eu aprendi que em Curitiba não existem robozinhos vestidos de moças que gritam em frente aos camelôs: "O que era pra tzi?". Eu aprendi que aqui salsicha se chama vina, que pão d’água é pao francês, que cavaquinho é cueca virada, que casadinho é dois amores e que guri aqui é Piá (e a marca do leite também). Aprendi que não existe X igual ao de Criciúma.

Mas não posso negar os encantos dessa cidade. Vou citar aqui aos poucos, conforme eu for conhecendo melhor e fotografando. Mas uma das coisas que enxe meus olhos são os tênis daquelas pessoas que residem em frente ao Shopping Muller, as garotas soberbas de Criciúma morreriam de inveja, que nem eu.

Dia 26 eu retorno à minha saudosa Criciúma, mas só para uns beijinhos e então migrar para POA no dia 28.

E o que vai haver em Porto Alegre dia 28??
Ahhh, o show do Metallica!! Oh yép, morram de inveja!! Eu vou. Ok, não é a minha banda preferida, nem da maioria das pessoas que eu conheço. Na verdade eu acho que eu tenho um primo que gosta muito de Metallica. Mas convenhamos, será um show histórico! E se eu pudesse levar a minha câmera eu seria uma pessoa fotográficamente realizada.

Mas voltando de Porto eu fico em Criciúma mais uns dias, ajudando meu cutecute a arrumar as suas coisas pra voltar pra Curitiba comigo. Am? Entenderam? Voltar pra Curitiba comigo. Não é, tipo assim, dar uma volta em Curitiba, é morar em Curitiba! Ha, finalmente, dilema número 6 resolvido. E eu sei que os outros serão solucionados mais facilmente agora. Vocês verão uma nova AdriCaramelo. Não perdem por esperar.
Portanto meus dilemas agora serão transformados em planos.
Plano número 1: Matar a saudade dos meus amigos.
Plano número 2: Continuar a faculdade. De preferência na UFPR.
Plano número 3: Arrumar meu celular.
Plano número 4: Passar num concurso público.
Plano número 5: Fazer novos amigos em Curitiba.

Eu acabei de voltar da aula. Estou fazendo cursinho pro concurso da Copel, que será realizado no domingo e que eu não vou prestar .-. Talvez eu apareça por lá pra fotografar as pessoas que chegarem atrasadas e não puderem fazer a prova. Esse é o trabalho do Márcio, professor de informática, que anda estressado porque tem gente que não sabe pra que serve a tecla de atalho F11. Testem!
E como meu dilema número 6 foi resolvido, ontem eu comprei um colchão inflável.

Adeus no início

Por Andrius Luiz

Levanta e te sustenta, mas não pensa que eu fui por não te amar. Quero ver você maior, meu bem, pra que minha vida siga adiante
.” Los hermanos.

Olá sou o Andrius, Andrius Luiz, mas também podem me chamar de Leopoldo. Estou desempregado há um dia, larguei meu emprego em Criciúma para poder me aventurar em terras distantes. Também larguei minha faculdade como nossa amiga AdriCaramelo, mas não na quarta fase, não sou louco, larguei na segunda.

E o que eu sou? Além de um aventureiro com uma mochila velha nas costas? Sou um aventureiro cheio de amor e de canções, só não peçam que eu cante no ritmo e tom certos. Por pouco tempo, porque logo, além de ser tudo isso serei também o atendente da Subway ou quem sabe o operador de caixa do Angeloni.

Agora falando mais um pouquinho da nossa cidade, coisas que a AdriCaramelo esqueceu:
Criciúma também é pólo cerâmico, produção de jeans, de redes de supermercados cheios de embaladores e de uso indisplicente de sacolas plásticas. Também é pólo de tempestades e tornados e principalmente pólo de meninas lindas e soberbas, e somente na parte de soberbas que a AdriCaramelo é exceção.

Sentirei saudades de passar a 10 metros em frente às lojas e ser atacado por atendentes maníacas gritando: “O que é pra tsi?”, “O que vai levar hoze?”. Sentirei saudades das estradas esburacadas e das calçadas irregulares, sentirei saudades de ser seguido por todos os seguranças do shopping por estar calçando havaianas e sentirei saudades de ver o meu Tigre perder para o Atlético de Ibirama. Sentirei saudades dessa Criciúma

Primeiro as damas

Por AdriCaramelo

As formalidades.

Sou AdriCaramelo, fotógrafa e futura jornalista, 21 anos, subjetiva.

Agora vou explicar com o meu jeitinho gay o que aconteceu. Apresentar-lhes-ei minha pacata cidade (nem tão pacata assim): Criciúma é uma cidade ao sul do fim do mundo. Lá moram em torno de 180 mil pessoas. A maioria delas ricas. Eu sou uma exceção. Por tanto se você gosta de sandálias Havaianas prefira usá-las nas praias mais distantes.

O nosso time é o Criciúma Esporte Clube, vulgo Tigrão :D. Somos campeões invictos da Copa do Brasil, quinto colocados na Copa Libertadores da América, campeões do Campeonato Brasileiro da Série B e campeões do Campeonato Brasileiro da Série C, feitos nunca igualados por nenhuma outra equipe catarinense.

Hoje o Tigre jogou contra o Atlético de Ibirama (alguém já ouviu falar?). Perdeu. Em casa.

Lá também é a terra do carvão, a terra da dupla sertaneja Marlon e Maicon e a terra das mulheres mais bonitas. Eu sou uma exceção dupla.

Foi lá que eu nasci e cresci. Todos os meus amigos são de lá, meus inimigos também.


Há um ano e meio meus pais e minha irmã-nada-simpática decidiram vir morar em Curitiba. Eu resisti no início, Criciúma é realmente o máximo. Mas há quatro meses estou aqui nessa cidade grande e limpa. Isso me assusta.

Dilema número 1: estou com saudades dos meus amigos.
Dilema número 2: larguei a faculdade de Jornalismo na quarta fase.
Dilema número 3: meu celular não tem cooperado.
Dilema número 4: estou sem emprego.
Dilema número 5: até então fiz pouco amigos. Ok, um só.
Dilema número 6 (e não menos importante): meu namorado mora em Criciúma.

E agora, devidamente apresentados e cultuados à magnífica história da minha vida, digo-lhes que estou me sentindo totalmente perdida. Alguém pára o mundo que eu quero descer.